terça-feira, 16 de março de 2010

A Lembrança

Agora só me restam as lembranças,
Mas não as quero.
A memória é ingrata,
Distorce as recordações.
Não quero perder o que já vivi
E não lembrar corretamente
De momentos tão preciosos da minha vida.
Estou presa em um labirinto,
O labirinto da dor.
Não sei quando dele sairei,
Não sei de muita coisa,
Só sei que gostaria muito de voltar no passado
E poder viver mais, não deixar nada escapar.
Lembrança é muito pouco,
É apenas resto,
Somente o que sobrou do que foi vivido.
Queria ter comigo os momentos eternamente,
No passado, no futuro e no presente.
Simplesmente ainda não aprendi a viver,
E como não esquecer,
Daqueles momentos que se tornarão
Apenas lembranças.
Porque o que vivo nessa imensidão
Não quero que se torne somente vaguidão.




27 de maio de 2007

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A busca

Olhava pela janela procurando algo que me despertasse.
Então, peguei no sono,
E quando acordei estava com as mãos sobre meu peito.
Sentia meu coração bater.
Batia em descompasso.
A felicidade tem sido tão tranqüila para mim,
Que sinto que meu coração procura aquilo que vá fazer a diferença.
Devagar, perplexa, vou abrindo os olhos.
A janela continua no mesmo lugar.
O mundo ainda gira,
E eu não tenho voz, nem força para faze-lo parar.
Minha vida não cabe no mundo,
Nem mesmo se eu não soubesse nada sobre a vida.
Realmente eu não sei muito,
Sei apenas que ela é um mistério.
Eu também sou misteriosa.
Acho graça em não saber o que está por vir.
Isso antes me preocupava, me deixava confusa.
Até sinto falta da constante confusão que vivia na minha mente,
Pelo menos tinha o porquê pensar.
Agora só procuro,
E em vão sinto a simples felicidade.
Felicidade que qualquer um se contentaria em ter,
Menos eu.
Falta-me alguma coisa.
Talvez as ondas do mar quebrando em meu corpo num belo dia de sol.
Ou caminhar olhando para o céu imaginando
Como seriam as minhas nuvens se eu fosse o céu.
Enquanto escrevo meu coração continua a bater.
Acho que ele não sabe por qual motivo bate,
Assim como eu não sei porque a janela me fascina tanto.
Sei sim, atrás da janela existe um mundo que eu não tenho,
Mas pela sua fresta sinto uma brisa gostosa,
Ou melhor, um vento bem forte purificando meu corpo estendido no meu mundo.
Pára meu coração, pára!
Já encontrei o que precisava: um sopro de vida.

11 de dezembro de 2007

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

É preciso romper

Acontece quando eu abro os olhos.
Tudo está ali.
Estático.
Parado.
No aguardo da minha vivacidade,
Prontos para um novo alvorecer,
Buscando novos objetos para ser.
Imaginação.
Fantástico!
A hora é de libertação.
Compreensível.
Claro.
O escuro é a prisão do não ser.
Ser estático.
Rompo com a realidade a cada dia que abro os olhos,
Imaginando o fantástico.
Estar ali para reverberar nos outros.
Buscando a compreensão sintética,
Fora de cogitação.
Claro, a vida está em meu coração,
Que não é nada simples
E que aprendeu a gritar:
É preciso fazer escândalo, é preciso romper.

23 de agosto de 2009

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Carta ao mundo

Estou à beira da estrada de um caminho.
Pelo percurso não há árvores,
Mas já peguei na mão vários frutos.
Algumas pedras sorriram e acenaram para mim.
A terra se abre e se fecha com freqüência
Como se me explicasse a vida.
Espero o rio.
O Sol arde.
O chão queima a alma.
O rosto sua.
Os pés continuam.
A noite chega aqui todos os dias,
Mas não sou capaz de ver estrelas.
Não há noite que dure mais que um sonho.
Aqui não fecho os olhos para dormir.
Já estou na completa penumbra.
A noite é fria.
O vento congela meu sorriso.
A mão treme.
Os pés continuam.
No escuro.
A estrada é nítida em meu olhar,
Mas não é a mesma que percorro.
Não há sombra de mim.
Vou.
Sozinha.
Sou.
Constante.
O rio está próximo.
No rosto eu tenho as marcas da vida.
Nas mãos as linhas do tempo.
No peito o essencial.
Nos pés a força.
Pelo meu corpo caminha a saudade.
Vejo.
Estrelas.
Almejo.
Infinito.
Caminho rumo ao esquecimento.
Sou a eternidade.

7 de julho de 2008

A Folha

Minha cabeça está vazia.
Falta-me concentração,
Falta-me mente.
Não imaginava que tão rápido
Tudo assim se esvaziaria.
A vida é como uma folha,
Uma hora, seca.
Desprende-se da árvore ao secar,
Fica sem seu sustento,
Mas antes de perder o rumo e cair, voa.
Para mim, observar esse fato,
É mais do que sentir apenas minutos passando,
É estar mais próxima da natureza da origem.
Mas minha cabeça dói.
Dói de tanto observar
E não poder recolocar a folha no lugar.
Dói porque me esforço para ver
Uma essência que meus olhos não captam.
O sentido está compactado na dor
E a folha, na vida.




04 de junho de 2007

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ouço a vida

Silêncio.
Injeção de vida.
Abstraio a dor de viver.
Crescer dói.
Mas superar barreiras
É encarar a vida de frente.
Um passo.
Meus sonhos se realizarão.
Talvez não agora,
Ainda há muita vida a ser vivida.
O valor está nas pequenas ações,
E geralmente elas estão mais próximas do que se imagina.
Pé ante pé,
Vou correndo
Pela estrada batida de terra
Que se denomina conquista.
O que adiantaria a mim mesma deixar de ver o Sol?
Shiu!
Não digo mais nada.
O essencial é ouvir a vida.
Apenas ouço a voz do vento
Que carinhosamente chamo de amigo.
Penso nele.
Penso em mim.
Penso no que me faz feliz.
Mas não faço grandes projetos para o futuro.
Não idealizo.
Aproveito.
Sei que quero apenas um banho de mar
Pois assim a dor se amenizará.
Um abraço da vida.
Um beijo de um amigo.
Quero mais alguma coisa?
Silêncio.

20 de setembro de 2007

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

É complicado

É complicado, é engraçado, chega até a ser interessante. A vida exige cautela. Viver em si exige muita perícia e cautela. Na verdade eu acho isso tudo muito estranho. O melhor era que só se vivesse, mas não é exatamente isso que fazemos. Bom, eu acho que não faço isso. Temos que tomar cuidado em determinadas situações, temos que ter tato em determinados momentos, temos que ser sensíveis às pessoas, temos que ter perícia ao lidar com o mundo. Naturalmente que não dá pra viver pensando no que se está fazendo ou se o que se irá fazer é o correto ou se deu tudo certo. Mas depois de feito, sempre acaba-se por pensar. "Foi a melhor coisa a ser feita, a ser dita? - Foi a melhor forma que eu poderia ter feito?" Sempre disse que viver é engraçado em muitos pontos. Mas pra mim sempre será um mistério. Um mistério o mundo, as pessoas, a vida, eu. Mas o mais complicado é pensar que até nos meus momentos de euforia eu tenho que ter cautela com a vida.